Em um movimento que reúne as principais centrais sindicais do país, uma carta foi divulgada nesta quarta-feira (13 de novembro de 2024) pedindo o fim da jornada de trabalho 6×1 e uma redução nas horas de trabalho semanais, mantendo os salários dos trabalhadores. O documento, assinado por entidades como CUT, Força Sindical, UGT, CSB, NCST e Intersindical, enfatiza a necessidade de adaptar a jornada laboral às transformações tecnológicas e às novas demandas da sociedade.
Os líderes das centrais afirmam que as condições de trabalho mudaram significativamente desde a Constituição de 1988, apontando para o impacto da automação e de outras tecnologias no processo produtivo. “Com o avanço da automação e mudanças tecnológicas no processo de produção, o mundo do trabalho já não é o mesmo de 1988. Já está mais do que na hora de reajustar essa jornada, sem reduzir os salários e os empregos”, destacam no manifesto.
O documento traz também um paralelo com a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da deputada Erika Hilton (Psol-SP), que sugere a revisão da jornada semanal. A proposta ganhou força nas redes sociais e reflete, segundo os sindicalistas, o anseio de muitos trabalhadores por uma vida com mais equilíbrio entre trabalho e bem-estar. “Os trabalhadores desejam mais qualidade de vida, bem-estar e menos doenças ocupacionais”, afirmam as centrais.
A reestruturação da jornada de trabalho e a eliminação da escala 6×1 são vistas pelos sindicatos como uma forma de responder ao aumento de produtividade impulsionado pela tecnologia. A carta sugere que, ao aliviar a carga semanal, haveria um impacto positivo na saúde mental e física dos trabalhadores, que atualmente sofrem com jornadas exaustivas e as pressões do ambiente de trabalho.
A discussão sobre a redução da jornada de trabalho no Brasil não é recente, mas as novas configurações do mercado laboral e os ganhos de produtividade resultantes da automação reacendem o tema. Para os sindicalistas, o ajuste é inevitável. Especialistas em saúde do trabalho também apoiam a ideia, apontando que jornadas excessivas estão associadas a diversos problemas de saúde, como estresse, esgotamento e doenças crônicas.
As centrais sindicais aguardam um diálogo com o governo e os empregadores para avançar na pauta e esperam que, com o apoio popular, o debate prospere no Congresso.